Contando Histórias



3 objetos sobre a mesa do professor: uma borracha, um liquidpaper e um relógio.

- Qual desses objetos vocês usariam para apagar um amor se isso fosse possível?

Todos respondem de imediato : ” A borracha! ”, exceto a mocinha da esquerda, a pequena que nunca era notada durante as aulas.

E então o professor pergunta :

- Helena, o que você acha?

E a menina sem precisar pensar muito diz:

- Parem e pensem. Vocês se acham tão espertos, para onde canalizam a inteligência quando o assunto é amor?

Todos olham com ar indiferente para a pequenina.

- Amor é um sentimento de dedicação absoluta de um ser ao outro. Como se pode apagar um sentimento? Não pode. Sabe quando você erra uma conta de matemática e apaga rapidamente? Você acha que sua borracha é boa o suficiente pra deixar a folha em branco novamente, mas nunca é. Sempre fica algum resquício do erro. Amor não é um erro pra ser apagado. Com o liquidpaper funciona da mesma forma, sempre haverá um jeito de notar que você errou, e mesmo que amor às vezes deixe cicatrizes, ainda assim não é um erro.

E então o professor, a essa altura já curioso, pergunta:

- E quanto ao relógio, o que você diz sobre ele?

- O relógio é a resposta certa. A pergunta foi : ”Qual desses objetos vocês usariam para apagar um amor se isso fosse possível?”. Muito bem, se for amor não se apaga, nunca! Não é possível apagar um sentimento quando este é verdadeiramente puro. A única saída viável é atenuar o amor e o único que pode fazer isso sem deixar lembranças ruins é o tempo. O tempo leva o ódio, leva a mágoa, leva a dor. Limpa seu coração, deixa-o no ponto até que você o dê passe livre para ser preenchido novamente. Borracha e liquidpaper sempre fazem lembrar do ruim, do erro , do resto. Ninguém precisa de restos para amar.

(…)
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