O meio


E se eu dissesse que nunca me senti tão minha e tão completamente dividida? É estranho admitir que sempre vivi de migalhas e mais estranho ainda é só ter percebido isso agora.
Você abraçou meus defeitos, minhas esquisitices e até a minha mania de querer ser inalcançável e inatingível. Derrubou meus limites e me fez agir por impulso, destruiu boa parte da minha racionalidade e fez com que eu sentisse o mundo mais de perto, o mudo mais meu.
Cansei de procurar uma resposta ou alguma explicação convincente e, embora com medo, me permiti sentir. Você é meu desafio mais perturbador, mais intenso, incerto, atraente, secreto. É minha página interminável, constantemente lida pra matar essa eterna saudade que teima em gritar tímida e silenciosamente.
Eu tenho medo, sabe? Medo de que eu dê tudo de bom que eu venho guardando com as melhores e piores experiências e que você não esteja sinceramente disposta a receber. Aí, eu acabo concluindo que não vale a pena, mas logo depois me afogo em arrependimento e vontade de terminar esse texto e deixar ele aberto na sua frente, só pra você ler e saber que eu tenho medo. Você não deixa idéias subentendidas que me dêem certeza, você não tem um mapa e eu não tenho confiança. Esqueço.
Começo a me preencher de assuntos que me fazem esquecer momentaneamente das minhas vontades românticas, só que isso acaba se tornando uma faca de dois gumes... nesse momento começo a ter medo de ficar só pra sempre por eu ser assim tão estupidamente cuidadosa.
Eu só queria dizer sim com um sorriso livre de receios estampado no rosto, um sorriso tranqüilo e ao mesmo tempo ensurdecedor que faça você escutar o que eu quero dizer de verdade, que faça você ter certeza.

Um sim.
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