Amor próprio!


Muitas pessoas confundem, acham que amor próprio é auto-estima... uma coisa complementa a outra, mas são totalmente diferentes.
Me divirto quando ouço as mulheres dizendo, 'aah sim, eu tenho amor próprio sim! Eu me amo, me acho linda, estou até de bem com a balança agora!'...
Quem aqui está falando em beleza, meu Deus?!
Estamos falando de aceitação - que também é diferente de acomodação. É gostar da própria companhia, é conseguir ficar sozinho sem que esses instantes sejam uma tortura, é entender que somos falhos e que não existe a perfeição.

O que é pior mesmo, é viver em função do outro.
Nos relacionamentos isso é muito comum, sejam eles amorosos ou somente amizade.
Colocamos o outro, por muitas vezes, em primeiro lugar em nossas vidas.
E o engraçado é que a recíproca nem sempre é verdadeira...
Não é deixar de pensar nos outros, mas pensar mais em si.
Não deixe de fazer nada por ninguém, são as suas coisas e se você não as fizer,
talvez ninguém faça por você...

Como diria o mestre Gonzaguinha ' [...] a atitude de recomeçar é todo dia toda hora. É se respeitar na sua força e fé e se olhar bem fundo até o dedão do pé!'




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O amor maduro


O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações.
Presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas.
Amplia-se com as ausências significativas.
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem, o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
Na felicidade está o encontro de peles, o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro - está a compreensão antecipada, a adivinhação, o presente de valor interior, a emoção vivida em conjunto, os discursos silenciosos da percepção, o prazer de conviver, o equilíbrio da carne e do espírito.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morrei, mesmo tendo ficado para depois, vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados, cheios de sementes.

Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não percebe, recebe.
Não exige, oferece.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz!

[Artur da Távola]

Tãoeucomigo



Nem tudo é como a gente quer. No entanto, isso não quer dizer que não é tudo que precisamos. Muitas vezes, essas coisas que a vida nos coloca pelo caminho são bem melhores do que a gente esperava. Veja bem, a hora mais bonita do dia é aquela em que o céu fica vermelho, e não azul. As mais belas noites são aquelas poucas em que a lua pega emprestada quase toda a luz do sol e a gente não precisa de lanterna pra caminhar. Exemplos não me faltam: a gente só ama o frio porque pode se envolver em mil casacos e cobertores, ou até mesmo braços e abraços, bem como agradecemos pelo escaldante sol de verão somente após mergulharmos num mar gelado ou naquela cachoeira imensa. Eu posso não ser o que tu esperavas, mas a gente não escolhe o que quer sonhar quando coloca a cabeça no travesseiro. E que atire a primeira pedra quem não gosta de sonhar aqui. Eu posso não ser tudo o que tu precisavas, mas a gente vive e morre sem saber do que realmente precisamos. Eu posso não bastar. Então que baste o amor. Eu posso não ser um monte de coisas, mas tenho certeza de tudo aquilo que sou: um céu vermelho, uma noite de lua cheia, um cobertor, braços, abraços, um banho de mar ou de cachoeira, e tudo o mais que tu quiseres viver junto de mim. Um mês se foi...vários meses se foram. Enche teus pulmões, pois tu vais precisar de todo o ar que eles puderem conter, a vida segue seguindo, a gente seguindo juntos ou não.
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A gente tem tantas memórias.


"Tantas memórias. A gente tem tantas memórias. Eu fico pensando se o mais difícil no tempo que passa não será exatamente isso. O acúmulo de memórias, a montanha de lembranças que você vai juntando por dentro. De repente o presente, qualquer coisa presente. Uma rua, por exemplo. Há pouco, quando você passou perto de Pinheiros eu olhei e pensei: eu já morei ali com o Beto. E a rua não é mais a mesma, demoliram o edifício. As ruas vão mudando, os edifícios vão sendo destruídos. Mas continuam inteiros dentro de você. Chega um tempo, eu acho, que você vai olhar em volta sem conseguir reconhecer nada."
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Gostava Tanto De Você...


Nem sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate

Eu corro fujo desta sombra
Em sonhos vejo este passado
E na parede do meu quarto
ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
o pensamento em você...

E eu,
Gostava tanto de você...

Gostava Tanto De Você
Titãs
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Semente.



'...mas é desse jeito que tudo surge, com enorme esforço para brotar'.
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A vida passa, o tempo voa e nada fica no mesmo lugar.


[...] Eu não sei como as coisas se deram, mas não imagino outro caminho para tudo, que não esse, de longe vi uma luz me clarear a vida de uma forma muito intensa e fez de mim, mais feliz.
Durante todo o dia me perguntei se saberia como descrever isso que agora sinto... Descobri um jeito fácil para falar e ser clara, Liberdade, sim, pode ser uma palavra meio torta quando se lê de primeira, depois, é até amigável o som que ecoa, quando se adota um pouquinho de liberdade em cada momento do dia, se vive melhor, mais seguro de si e mais distante dos outros, e acreditem quando digo, distancia é algo muito bom quando se tem a mente cheia e o coração exausto de tanto tentar. Tem uma hora na vida em que ou se distancia ou perde de vez!
Tem gente que não sabe que liberdade é dosada, que é preciso muito cuidado ao lidar com ela e que por mais que queira ser livre, é necessário calma, afinal, liberdade além de tudo, pede tempo, e o tempo só passa conforme dita o relógio, não vai adiantar você correr se a estrada só termina quando o Criador diz que 'acabou'.
Essas coisas são complicadas de se entender, você só vai parar para pensar nisso tudo quando realmente estiver quase em apuros, quando seu coração estiver em conflito com sua alma e você estiver perdido em meio a toda essa guerra interna. As coisas da vida nunca são fáceis, mas tudo sempre fica melhor, basta que você se lembre: por mais que a noite seja longa e o escuro assustador, o sol sempre volta com seu brilho radiante!

Use sim de esperança, ela supera qualquer sentimento de angustia ou medo.
Aproveite para sentir de tudo, viva intensamente, desfrute das coisas boas e conheça as ruins, tenha sempre equilíbrio e pensei bem antes de falar, uma palavra pode realmente ser fatal.
Nunca traia a confiança de alguém, é muito importante lembrar que se existe algo frágil e necessário, é definitivamente a confiança.
Se perder, tente outra vez. Se quiser, lute para ter. Se sonhar, torne realidade.
A vida passa, o tempo voa e nada fica no mesmo lugar.

Imagine...
A imaginação é tudo que se tem, nela você é rei, rainha, nela chega-se ao limite de tudo, vive bem ou mal, conhece lugares e ganha valores quase sem propósitos, o fato é que se você sabe imaginar, você tem uma pequena noção de tudo que a vida pode lhe oferecer.

Enfim, viva da melhor maneira possível, seja LIVRE sem esquecer que precisa das pessoas, afaste-se quando ver que vai machucar alguém, sonhe muito alto mas sempre volte ao chão, é importante saber que ninguém vive de sonhos. Enfrente todos os teus medos com sabedoria, leia, brinque mesmo sendo velho, a idade nunca importa. Ouça os conselhos mesmo que não vá segui-los, dê conselhos mesmo que estejam perdidos.
Tente ser feliz, é isso que é preciso, viver a vida, o resto não faz diferença, o resto a gente inventa e se não der certo, podemos tentar outra vez.
Para se viver bem, basta estar vivo!
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Danço porque danço e não descanso até o sol raiar.





Dançando muito
Dançando solto
Dançando bem diferente
Dançando curto
Dançando torto
Jogando o corpo pra frente
Dançando estranho
Dançando lindo
Dançando muito contente
Dançando funky
Dançando samba
Daçando diversamente
Quero porque quero e não espero para começar
Danço porque danço e não descanso até o sol raiar
Dançando certo
Dançando louco
Dançando contra a corrente
Dançando leve
Dançando brusco
Dançando assim simplesmente
Dançando lento
Dançando justo
Dançando rapidamente
Dançando solo
Dançando junto
Dançando com toda gente
Quero porque quero e não espero para começar
Danço porque danço e não descanso até o sol raiar

(Dançando
Adriana Calcanhotto)
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Por vocês e por mim.



Às vezes a estrada torna-se invisível e então nos perdemos.
A vida já não parece atraente e as estrelas mostram-se distantes de nossas mãos, inalcançaveis.(será?) Queremos fugir, correr, gritar e nada fazemos, permanecemos estáticos, parados em nossa dor ilusória. Como num labirinto de vento, onde os sentimentos verdadeiros tornam-se transparentes na escuridão dominante... Por muitas vezes já me senti assim e então encontrei as palavras, palavras estas que saem da alma e encaixam-se naturalmente por aqui. Obrigado por me acompanharem, sem vocês nada disso existiria!


"[...] Eu já estive em vários lugares e só me encontrei em mim mesmo."
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Eu, você, uma cidade desconhecida e o quarto 317.



Tão breve como começou, podemos dizer que breve também se “foi”, mas o que aconteceu no quarto 317 e naquela cidade que para nós era “desconhecida” ficará na memória, assim como tudo que VALE A PENA, sempre vale a pena ser lembrado (guardado), nos entregamos a uma rápida insanidade, acho que as melhores coisas da vida são feitas nesses momentos de “insanidade”. Sim tivemos a nossa história, fomos eu e você, NÓS, mergulhamos em busca de algo desconhecido, éramos desconhecidas, não sentimos medo, havia um sentimento que nos movia até aquele lugar, me movia até você e te fez “voar” até mim... a nossa canção...aquela do “esconderijo”, quando te vi ali parada olhando aquela esteira mais preocupada em encontrar a sua mala do que olhar pra mim, eu não me sentia mais, saliva já não existia até me perguntei o que seria saliva?! (risos), eu estava só, mas tinha VOCÊ, eu estava sem óculos e me esforçava pra olhar pra você em meio aquela gente toda, mas sua beleza superou até a minha “cegueira”.
Você vinha em minha direção e cada vez me sentia menos.
Pernas bambas e coração saindo pela boca.
Eram emoções misturadas, imensa alegria, estava frente a frente com a minha “MY CORAÇÂO”, o primeiro abraço, o primeiro toque, o som de ambas as vozes (sem celular), o abraço seria bem mais caloroso (se eu não tivesse esquecido te tirar meu óculos que estava pendurado em minha blusa, isso iria nos machucar se nos apertássemos), sua voz ecoava dentro de mim como uma canção, seus passos, seu jeito de se mexer, sua roupa, seu cheiro, seu rosto lindo, sua timidez, me apaixonava ainda mais, você toda envergonhada com cara de “ não olha pra mim” ( parecia mesmo uma gatinha com efeito doçura) “ procuro a solidão como o ar procura o chão, como a chuva só desmancha pensamento sem razão, procuro esconderijo encontro um novo abrigo...!...teto para desabar você para construir”...
(...) Algo assim meio sem lá, e tudo indo e vindo de acordo a vontade do tempo, mas que tempo é esse ? Tempo de voar, tempo de deixar-se sobressaltar, tempo do escuro e do claro, tempo da infinita vontade de VIVER !
Mas, viver porque e pra quê ? Pra tudo e pra nada, pra mim e pra você, sem promessas, nem futuro, só o presente que hoje escorre entre nossos dedos e nos esmaga alma...ai, minha alma grita, salta, e até sangra te tanto amor e nenhum pudor
.
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Uma Rara Raridade !





A Rara que está na minha casa, tem sapatos vermelhos e cabelos encaracolados, ora de dedinhos, ora de Black Power. Mutante? Não sei, só sei que trás na alma tambores e batuques que a faz dançar. Bailarina? Não sei, só sei que o seu corpo rodopia tal qual uma linda borboleta psicodélica no ar.
Que raridade encontro em seu olhar, profundo, alegre, sincero e afiado feito um fio de navalha que fere mais não mata, verdade na lata.
Rara canção, beleza ímpar, vontade múltiplas, uma hora tem o verde como companhia, outra hora o roxo é pura energia.
Menina dengosa, mulher maliciosa, cheia de malemolência que trás consigo uma Santa de roupa encarnada, na mão uma espada, chuva, raios e trovoadas. Guerreira desde sempre, aprendeu com outra raridade a lutar pelo que quer.
Raridade de preciosidade rara, com primazia de redundância, porque nada que se fale dela é pouco, nada que se venha dela é insignificante, sempre marcante e inconstante, sempre no superlativo absoluto do tudo, tudo muito, tudo máximo, tudo exatamente como sua alma, tudo do seu tamanho, gigante.
Minha rara, graça, rara tristeza, rara beleza, rara luz que irradia e queima, queima a pele e gosta, diz que o verão é seu amigo, e quem vai dizer ao contrário? Se eles juntos trazem calor, alegria, vida... Viva!
Hoje viva, amanhã viva, depois de amanhã viva também, com a raridade e plenitude de uma vida rara. Só viva, e assim, conseguirá tornar pessoas comuns em pessoas raras.


Agora também me sinto rara, obrigada!

(Adriana C. Rocha - em 06/07/2010)
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Como é cansativo estar apaixonado!



Era uma vez o Ernesto, um menino que gostava muito de (chatear) as meninas e principalmente a Salomé.
Era uma vez a Salomé, a menina que foi contar à mãe tudo o que o Ernesto lhe tinha feito. Tudo: puxado o cabelo, agarrado o capuz, arrancado os óculos, de próposito. Então a mãe disse-lhe que o Ernesto com certeza queria brincar com ela, mas que não sabia como pedir-lhe. A mãe disse-lhe ainda que talvez o Ernesto estivesse apaixonado pela Salomé...

No recreio, a Paula perguntou:
- Apaixonado pela Salomé! O que é isso? Apaixonado?
Mas a Salomé também não sabia o que era isso, a-apai-xo-na-do.
O que o Abel sabia era que se podia cair, cair de paixão por alguém.
A Salomé já tinha caído muitas vezes de bicicleta, mas de paixão, nunca!
- Os apaixonados só existem nos contos!- afirmou o Guilherme.
- Pois é!
- Com príncipes e princesas.
- Com roupas lindas?
- E com espadas?
- Com reis e rainhas?
- E dragões!
- Então os apaixonados não existem? - perguntou a Salomé.
A Justina acha que estamos apaixonados quando nos sentimos tristes ou muito tímidos e sobretudo quando coramos muito.
- Quando ficamos hipnotizados! - exclamou.
A Salomé concluiu que enlouquecemos um pouco quando estamos apaixonados!
A pequena Ana já tinha ouvido falar de paixão, uma espécie de raio que nos atinge.
- Um raio de fogo!
- E queima?
- É como um relâmpago!
- É uma trovoada!
- Mas afinal chove?
Então a Salomé pensou que era melhor ter um guarda-chuva para estar apaixonado!
Mas o Aristides disse que estar apaixonado está no coração.
- Quer dizer que sentimos uma dor no coração?
- Que dá febre?
- E que nos tira as forças?
- Ficamos doentes?
- Como é cansativo estar apaixonado! - suspirou a Salomé.'


[Rebecca Dautremer, in Apaixonados]
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Um apaixonado da palavra, sua linguagem é a da paixão.



O que fascina nos contos de Caio Fernando Abreu
é essa magia de um encantador de serpentes
que vai tocando a sua flauta
enquanto as pessoas (os leitores)
vão se apaixonando de seu texto forte,
instigante e, ao mesmo tempo, musical.
Numa linguagem contida e densa
ele vai trasmitindo o seu mundo
aparentemente simples mas profundo,
que revela o sofrimento sem escândalo,
sem estardalhaço, num clima quase poético,
impregnado de piedade que é também amor.
Um apaixonado da palavra, sua linguagem é a da paixão.

(Lygia Fagundes Telles - No livro do Caio 'Girassóis')
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Sou forte. Meio doce e meio ácida. Em alguns dias acho que sou fraca. E boba. Preciso de um lugar onde enfiar a cara pra esconder as lágrimas. Aí penso que não sou tão forte assim e começo a olhar pra mim. Sou forte sim, mas também choro. Sou gente. Sou humana. Sou manhosa. Sou assim. Quero que as coisas aconteçam já, logo, de uma vez. Quero que meus erros não me impeçam de continuar olhando para a frente. E quero continuar errando, pois jamais serei perfeita (ainda bem!). Tampouco quero ser comum e normal. Quero ser simplesmente eu. Quero rir, sorrir e chorar. Sentir friozinho na barriga, nó no peito, tremedeira nas pernas. Sentir que as coisas funcionam e que tenho que trocar de jeito quando insisto em algo que não dá resultado. Quero aprender e, ainda assim, continuar criança. Ficar no sol e sentir o vento gelado no nariz. Quero sentir cheiro de grama cortada e café passado. Cheiro de chuva, de flor, cheiro de vida. Aprecio as coisas simples e quero continuar descomplicando o que parece complicado. Se der pra resolver, vamos lá! Se não dá, deixa pra lá. A vida não é complicada e nem difícil, tudo depende de como a gente encara e se impõe. Quero ser eu, com minha cara azeda e absurdamente açucarada. Não quero saber tudo e nem ser racional. Quero continuar mantendo o meu cérebro no lugar onde ele se encontra: meu coração. E essa é a melhor parte de mim.

(Clarissa Corrêa)

Mafalda

Corações traiçoeiros e imundos

Depois de tantos silêncios, resolvi voltar a conversar comigo, ainda que mentalmente. Muitas vezes fico assim, recostada em mim, pensamento longe, coração andando devagar e analisando cada cenário que passa em câmera lenta, a vida em preto e branco. Não foi difícil nem tenso, foi diferente.
A gente se depara todo dia com um novo eu. E esse eu é só o que você é e nem sempre vê. Ou é o que você realmente vê e quer esconder. Não nego: fujo um pouco das coisas. Mas não adianta tapar os olhos, gritar, invocar os santos. A vida é agora. E você precisa correr, resolver, decidir. Era pra eu ter crescido antes, mas não consegui. Quis esticar ao máximo algumas etapas. Inconscientemente, me boicoto. Por quê? Por quê? Freud não explica, muito menos anjos e demônios. Resolvi colocar a verdade na frente dos meus olhos: tenho medo. Medo da vida, medo dos dias, medo de encarar que as coisas podem dar certo. Eu mereço, sim, eu mereço. Mereço cada coisinha que conquisto na minha vida. Entendi que nada vem de graça, por mais que você tenha bons contatos ou um rostinho bonito. Ninguém te dá a mão, ninguém te ajuda. Cada um quer saber de si, de salvar a própria pele, de se dar bem e aparecer no jornal com um sorriso branco. O mundo não é assim como eu penso. Coisas piegas, como uma flor, um bilhete, um cartãozinho ou um beijo me fazem bem.
Não quero ganhar milhões, quero ter uma vida confortável e me permitir pequenos luxos. Mas pequenos mesmo: viajar para lugares diferentes, comprar alguns creminhos, perfumes, sapatos e bolsas. Só isso, nada de diamantões e palácios, nada de carro importado com banco de couro. Fico pasma como tem gente que adora aparecer, fico chocada com a capacidade das pessoas de colocar o interesse na frente de tudo. Pessoas efusivas que dizem que amam todo mundo e têm zilhões de amigos me cansam, me dão sono, preguiça e olheiras. Mas descobri que não preciso brigar, falar o que penso, enfiar o dedo na cara, desejar o seu mal ou falar o quanto você é uma cretina para todo mundo. Vou deixar a vida te ensinar. O que quero é que você vá para bem longe com sua felicidade falsa, seu coração vagabundo e sua inveja fantasiada de anjo. Pensei que conhecia muita coisa no mundo, mas vi que não: ainda não tinha conhecido uma pessoa tão baixa e ordinária como você. Vou confessar: sua maldade e poder de manipulação me assustam. Impossível pensar que um dia fomos amigas. Fiquei abismada com seu jeito dissimulado. Você, apesar dos olhos claros, é muito, muito feia. Ainda bem que você nunca me conheceu de verdade, afinal, me mostro para poucos. Fica com as suas verdades, seus rótulos, suas mentiras desbotadas. O mundo está vendo quem é você, quem foi está voltando. Quem se enganou está recobrando o juízo.
Minha consciência é tranquila e meu coração é limpo. Por isso, prefiro ficar afastada de gente que passa a perna nos próprios sentimentos. Que trai, que distorce, que fofoca. Não te desejo coisas ruins, mas o mundo vai girar e vai te mostrar coisas que você não enxerga hoje. Tenho pena de quem vive um relacionamento mentindo, traindo e, principalmente, fingindo. Bom mesmo é ter sucesso e fazer contatos com as próprias pernas, sem precisar de estepe ou escada.
Tem gente que tem lixo por dentro. Tem muito coração cheinho de rato e barata por aí. Desses, quero ficar longe.


(Clarissa Corrêa)



É o desabafo de um sentimento.



Mãos Geladas
Neons acesos
Hora e temperatura
Completamente zerados
Sinto falta de andar sozinha
Pelas ruas que me cuspiram
Quando caminhei em prantos
Sinto falta de caminhar
sozinha ao amanhecer
Me sentindo com sono e segura
Mochila nas costas
Álcool nas veias
Qualquer coisa
pra me fazer esquecer
Sinto falta das ruas escuras
Arvoredos e praças
Baldes d´água
Regar frutíferas de madrugada
Espaguete às duas
Filmes até cair no sono
Cigarros , whiskys, cervejas, vodkas
Lágrimas, lágrimas, lágrimas...
Sinto falta das ruas, do ar sujo e seco
Porque a dor sempre volta
Nem dá tempo de sentir saudade
Mãos geladas, tremendo
Esperando o último ônibus pra casa
Quatro graus, quatro graus
A quantos graus, Deus meu,
Meu sentir chegou?
O coração não sente
Mero músculo pulsante
Substâncias quìmicas cerebrais
Resolvo as dopaminas
E outra coisa me destrói
Mãos geladas, se aquecendo
Dentro dos bolsos
Caminhando, caminhando
O mundo é belo lá fora
Não compreendo o mundo interno
E nem procuro tentar mais..
Lá fora luzes amarelas
Poluem a visão da escuridão
Sentimentos em vão
Sentimos demais, demais...
E este poema não é pra você
É o desabafo de um sentimento.
De tudo o que eu quero
Deixar pra trás.
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